“Se o seu irmão pecar, vá e repreenda-o em particular; se ele te ouvir, você ganhou a seu irmão.” (Mateus 18:15)
Estas palavras, ditas por Jesus e registradas no Evangelho de Mateus, falaram alto no meu coração, quando, recentemente, resolvi confrontar uma pessoa que faz parte de meu círculo íntimo. Eu tinha passado o fim de semana mergulhada em tristeza e confusão, tentando entender a grosseria e a raiva que tinham saído dos lábios de uma pessoa que eu amo como se fosse da família. Enquanto orava sobre isso, senti Deus me incitando a fazer o mais fácil, embora seja a coisa mais difícil de se fazer, ou seja: simplesmente perguntar qual era o problema.
Enquanto subia os degraus para chegar ao quarto onde conversaríamos em particular, pude sentir meu estômago se revoltando e um suor frio se formando nas palmas das minhas mãos. Indo contra minha natureza não-conflituosa e conhecendo a personalidade tipicamente volátil dessa pessoa, eu não tinha certeza do resultado. Mas eu sabia que falar sobre o comportamento negativo era a única chance de salvar nossa amizade.
Ao invés de começar com conversa fiada, respirei fundo e fui direto ao assunto. Nós sabíamos que havia um problema, e, portanto, não havia razão para perdermos tempo com assuntos como clima ou política.
Assumindo um tom não-acusatório e falando amorosamente, perguntei, com calma, a razão da explosão. Com a conversa prosseguindo, descobri que a raiva dessa pessoa não estava dirigida a mim, de forma alguma. Essa pessoa estava passando por um momento difícil naquele dia e deixou suas preocupações transparecerem quando conversamos alguns dias antes. Não houve nenhuma intenção de me ferir.
Depois de uma longa conversa, nosso relacionamento finalmente foi restaurado. Ofereci o mesmo perdão e graça que espero receber quando falhar, mas não antes de deixar claro que certos limites foram ultrapassados e que aquilo não deveria acontecer novamente.
Depois deste incidente, sinto que o nosso relacionamento vai ser melhor do que nunca, e sei que isso acontecerá porque, ao invés de varrer o problema para debaixo do tapete, escolhi enfrentá-lo e estabelecer limites muito necessários, limites que tornarão o nosso relacionamento mais forte e saudável.
“A percepção é realidade.”
Esta citação, comumente atribuída ao conselheiro e consultor político americano Lee Atwater, aliada à minha experiência recente, ecoava em minha mente quando, recentemente, me pediram conselho com relação a um relacionamento desgastado.
Depois de conversar com ambas as partes, consegui enxergar claramente como a percepção de um tornou-se a realidade do outro, quebrando a ligação entre essas duas pessoas que se amam muito, mas que escolheram distanciar-se, ao invés de enfrentar o problema de frente, através de diálogo.
Eu não posso deixar de me perguntar… quantos relacionamentos terminam a cada dia, simplesmente porque as pessoas escolhem o caminho aparentemente mais fácil? Ao invés de escolher ouvir abertamente o outro lado, muitos escolhem fechar portas e excluir pessoas de suas vidas.
E verdade, a nossa percepção é a nossa realidade, mais isso não significa necessariamente que seja a realidade dos outros. Não há dúvida de que certos relacionamentos são tóxicos e precisam terminar, mas também acredito que, em muitos casos, relacionamentos familiares seriam mais fortes e amizades seriam mais duradouras, se a gente tomasse o cuidado de parar para ouvir o outro lado, colocando de lado nossas mágoas por um minuto e procurando nos colocar no lugar do outro.
Naturalmente, é necessário coragem e força para conseguirmos ouvir aqueles que nos machucam, perdoar-lhes, definir nossos limites, e dar-lhes outra oportunidade. Mas, creio que não isso não só é a melhor coisa a se fazer, mas também é o único jeito de alcançar a paz, a alegria, e construir relacionamentos que durem uma vida inteira.